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Viagens

Pra lá de Marrakesh: Uma noite no Deserto do Saara!

Foto: Darline Minatto - @darlinegmfoto

“-Gente, vou para o deserto do Saara!
-Sério? Não é perigoso?
- Tia, eu tive aula sobre o deserto na escola e aprendi que lá tem cactos.
-Mas isso fica no Egito?”

Quando contei para minha família e amigo(a)s que estava indo fazer essa viagem para o Marrocos, ouvi diversos comentários engraçados a respeito. De fato, a gente conhece muito pouco sobre o deserto, mas ele está no nosso imaginário associado a desenhos animados e belas paisagens de lugares que parecem sempre muito distantes. A verdade é que existem vários desertos espalhados pelo mundo e o do Saara é um dos mais visitados por ter uma estrutura turística super preparada para receber você e proporcionar uma das experiências mais incríveis da sua vida.

Por que o Marrocos?

Quando você faz uma viagem do Brasil para países da União Europeia, o comum é pensar nos lugares mais famosos como Paris, Londres, Amsterdão, ou seja, uma rota bem viável de se fazer para quem vai passar alguns dias lá de férias. Porém, para quem já conheceu estes lugares e está buscando algo diferente ou está morando lá durante um tempo um pouco maior(como foi meu caso), fica super acessível viajar para uma rota alternativa abaixo dos países da União Europeia e também entrar em contato com uma realidade cultural diferente. O empurrãozinho maior para essa escolha foi que conheci várias amigas que já haviam feito este roteiro para Marrakesh e me indicaram a empresa com quem fechei um pacote e pude me sentir segura durante os 5 dias em que estive por lá.

Gastou muito?

Não! Foi uma das viagens mais baratas que fiz. O mais caro foram as passagens, porque foi preciso primeiro ir a Madrid (Espanha) para depois pegar o vôo para Marrakesh (capital de Marrocos). Então precisei comprar 4 passagens (2 ida, 2 volta). Não vou falar em valores porque variam muito conforme a temporada, mas a dica é que quanto maior a antecedência, mais barato fica a passagem. Ryanair costuma ser sempre a opção mais barata! Além disso, a moeda do país (Dirrã marroquino) é desvalorizada em relação ao euro, então isso torna a viagem barata no que diz respeito aos seus gastos durante a viagem. Com pouco mais de 4 euros você consegue fazer uma refeição boa, mesmo que simples.

A empresa que contratei se chama Viaje em Marruecos. Fiz todo o contato via facebook primeiro e depois por e-mail. O pagamento você faz só quando chega lá, o que me deixou mais tranquila com a confiabilidade da empresa, além das indicações também, claro. A Viaje em Marruecos propõe pacotes de viagem conforme sua disponibilidade (quantos dias você vai ficar e o quanto pretende gastar). O pacote que eu fechei vinha com todos os seguintes itens inclusos: translado ida e volta no aeroporto, todas as diárias em hotel, transporte para o deserto, café da manhã, janta todos os dias, passeio de camelo pelo deserto e apresentação de música típica. Pela minha experiência, indico, principalmente para quem viaja sozinho(a) ou sem muita experiência com viagens, que já vá com esse pacote turístico fechado, pois isso lhe dará mais segurança. O fato de a economia da capital e redondezas depender do turismo, faz com que você se envolva em situações constrangedoras como pagar muito mais por produtos que valem menos ou ser parada a todo instante nas ruas por pessoas oferecendo produtos da região.

E a comida?

Há algum tempo não tenho comido carne, salvo raras exceções quando como frutos do mar ou peixe. Nesse caso, passei um pouco de trabalho, pois as opções vegetarianas eram bem poucas. Alguns temperos fortes também não caíram bem para o meu paladar. Os pratos típicos do local são o cuscuz servido com legumes e alguma carne num prato/ panela de barro chamado Tajine. Em compensação, comi muitas frutas saborosas, como a fruta do conde e tangerinas maravilhosas. Outra coisa legal que achei super gentil da parte dos marroquinos e que é costume deles é o chá. Em todos os lugares em que chegávamos, antes ou depois das refeições à noite, eles ofereciam um chá super saboroso e acolhedor. O interessante é que conhecer outra cultura pede que estejamos abertos a provar novos sabores e temperos. Por isso, embora eu não tenha saído da dieta vegetariana, sempre provei o que tinha na mesa para conhecer a culinária marroquina.

Mas você andou de camelo?

Siim!!! Esta foi a melhor parte da viagem na minha opinião: passar uma noite no deserto do Saara. Pisar naquela areia foi como estar dentro de um filme ou livro (afinal, a qualquer hora o Pequeno Príncipe poderia aparecer, já pensou?). O grupo viajou durante 12h entre Marrakesh e o deserto. Na ida, fomos parando em outros pontos turísticos afastados da capital e na volta fizemos a viagem direto (deserto-Marrakesh). Apesar de muito cansativo, foi demais e valeu a pena! A cada ponto em que parávamos, pessoas que conhecíamos, víamos um mundo totalmente diferente a nossa frente nos mostrando que as realidades culturais vão muito mais além do que estamos acostumados em nossa cultural ocidental. Chegando ao deserto, você é recebido por um grupo de marroquinos que conduz você em cima dos camelos até o acampamento onde dormimos. Sei que muitos vão se questionar quanto à exploração dos camelos, mas é opcional. Se você sentir que os animais estão sendo maltratados, você pode fazer o trajeto a pé junto aos guias. Eu preferi não julgar a complexa realidade dos guias que estavam lá a trabalho e aproveitei a experiência, pensando que estar lá também era uma forma de movimentar a economia local, visto que os arredores da capital são locais muito pobres.

Do que mais gostou?

Da noite no deserto, sem dúvidas! Há quanto tempo você não larga tudo e vai olhar para o céu e ver as estrelas? Agora, imagina você no meio do deserto, com pouquíssima iluminação à sua volta, e o céu acima de você com TODAS as estrelas à mostra? Foi incrível esse contato com algo simples e de graça: terra/areia e céu. No outro dia, às 6h30 da manhã, acordamos para ver o nascer do sol e foi outro show natural e emocionante. No acampamento, fomos muito bem recebidos com um belo jantar e apresentação cultural típica, quando fomos convidados a tocar tambores e participarmos de uma festa junto aos locais que lá estavam nos recebendo com sua animação e música. Sobre o acampamento, era muito simples, e fez muito frio durante a noite, mas tínhamos cobertores o suficiente para nos aquecer. Não tivemos muito conforto nesta noite, mas eu já estava ciente de que um acampamento no meio do deserto não poderia proporcionar um resort 5 estrelas. É preciso ter bom senso enquanto turista nessas horas. Reclamei pouco e aproveitei muito. Uma experiência, com certeza, peculiar e inesquecível.

E aí? Gostou desta matéria? Como você pode ver, nem só de Torre Eiffel e Big Ben vive um turista na Europa. Enquanto viajante, gosto muito da experiência de sair da zona de conforto do turismo e arriscar um destino mais desafiador. Aprendi muitas lições de vida nessa viagem. Se você gostou, conta pra gente! Quem sabe fazemos uma segunda matéria com mais detalhes sobre Marrakesh?

Até a próxima!