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Viagens

LIVERPOOL: A cidade dos Beatles

Se este texto tivesse uma trilha sonora, com certeza seria YELLOW SUBMARINE. Hoje vou contar sobre uma das viagens que mais amei fazer, onde mergulhei no mundo dos Beatles e passeei por lá com a sensação de estar passeando dentro de um Submarino Amarelo mesmo.

Desde criança, meu coração já amava as músicas da banda. Começou pelo meu irmão mais velho que adorava. Depois, lembro de quando voltava da escola de “combe” e uma das “fitas cassetes” que o motorista (Mário era o nome dele!) adorava era a dos Beatles. Toda a turma gostava também e pedíamos para sermos deixados por último (sim, dávamos uma volta gigantesca na cidade sem necessidade) para ouvirmos a música HELP que era uma das últimas da fita e não tinha como passar para frente (xóvens não entenderão esta parte do texto, procurem no Google como funcionava a logística da fita cassete e me poupem de me sentir muito velha explicando isso). Eu disse sem necessidade? Mentira! Era questão de honra ficar até o fim para ouvir aquela música. Uma das melhores sensações de diversão que me lembro dessa fase. Alegria total! Nessa época, eu ainda não sonhava tão alto e não fazia a menor IDEIA de que um dia teria oportunidade de conhecer de pertinho a cidade e estar no mesmo pub em que eles começaram a tocar e tocaram mais de 1000 vezes (sim, eles não atingiram o sucesso por acaso, batalharam muito).

Eu não sei vocês, mas eu sempre fui muito paradoxal e se um lado de mim acreditava que um dia eu conheceria todos os pontos do mundo que eu quisesse, outro dizia que isso era um sonho alto demais e que era melhor colocar os pés no chão. O bom mesmo foi encontrar o caminho do meio que a maturidade nos oportuniza. Aos poucos, com um pé no chão e outro no avião, você vai realizando aquilo que achava ser impossível.

Mas vamos ao que interessa! Nesse contexto todo de memórias, conhecer Liverpool foi, portanto, um momento transcendental da vida onde pude reviver esse gosto musical alegre da minha infância e, ao mesmo tempo, entendi mais ainda porque sempre gostei da banda. A história deles é simplesmente DEMAIS. O museu (ponto turístico principal da cidade) ajuda em toda essa experiência, pois trabalha com todas as sensações. Então você vai caminhando e revivendo a história junto com eles, entendendo todas as fases pela qual o grupo passou em seu momento coletivo, mas também as fases de cada um em seu estilo, individualidade e autenticidade.

A viagem foi curta, durou dois dias e pareceu que foi uma semana, pois colocamos intensidade no roteiro. Chegamos (eu e uma amiga maravilhosa) lá bem cedinho e fomos ao museu como primeiro ponto turístico. Melhor escolha ter feito isso, porque depois de toda aquela experiência, entramos no clima total da banda e a partir dali toda a cidade cheirava a Beatles. A parte final do museu tem uma mensagem linda sobre a música All we need is Love (tudo que precisamos é de amor) o que faz você sair de lá mais fã ainda.

Pegamos muita chuva! Muita mesmo! Mas só tínhamos dois dias e uma diária num hostel baratex que só chegaríamos à noite, então foi hora da capa de chuva ativar e seguirmos em frente. Após visita ao museu, fizemos o tour de ônibus pela cidade que passa pelos pontos (que se tornaram turísticos) onde os garotos cresceram, locais que frequentavam e lugares e ruas que inspiraram as músicas. O motorista, muito animado e a trilha sonora sincronizada com a rota, fazem você viajar no tempo. O sotaque do motorista era carregadíssimo e eu mal pude entender aquele inglês, mas consegui sentir a linguagem (às vezes tem disso). A parte mais emocionante desse tour para mim foi conhecer o Strawberry fields forever, local que inspirou a música de mesmo nome. As fotos foram na chuva mesmo e o sorriso era o de quem não estava acreditando estar ali.

Para encerrar este dia, fomos para a parte central da cidade, onde nos aquecemos pós banho de chuva (viajantes raiz modo on) e jantamos com calma. Depois, fomos conhecer o Cavern Pub, local onde eles tocaram pela primeira vez e depois disso tocaram mais de 1000 vezes (isso mesmo!). A energia do local é inexplicável, havia uma banda cover e uma turma da velha guarda comemorando o aniversário de uma senhora muito animada. O bar estava apertado, muita gente. Estávamos tão animadas também que, quando nos demos conta, já estávamos dançando e comemorando junto com a velhinha e suas amigas. Memorável!

Por fim, ficamos num hostel também temático com imagens da banda (a cidade toda tem esse clima) e no outro dia curtimos mais lentamente o museu da escravidão, que fica ao lado do dos Beatles. Este foi um dos museus mais importantes em que estive, pois muita coisa impactante é trazida lá com mensagens de apelo à nossa consciência contra o racismo e valorização da cultura negra que está tão atravessada no nosso dia a dia e ainda negamos.

Caminhamos um pouco mais pelo porto, tomamos chá num lugar maravilhoso que não vou lembrar o nome (sorry), compramos cartões postais e voltamos para o aeroporto felizes e cansadas, depois de uma experiência incrível que se resumiu a um alerta e súplica tão defendidos pela banda: ALL YOU NEED IS LOVE! ALL TOGETHER, NOW. Tudo que você precisa é de amor. Vamos todos juntos agora.