Treissi Amorim logo
News

Um Geração de Crianças Felizes em Apartamentos

Neste mês do Dia das Crianças, lembrei-me de uma conversa que tive com uma amiga minha, psicóloga. Ela explicava, depois de ter ido a um debate sobre as cidades, como a infância, hoje, está presa nas casas e apartamentos.

Criciúma (SC), por exemplo, é uma cidade fechada, dessas em que não se vê muita gente nas ruas, a não ser para resolver as pendências cotidianas. Chegou o final de semana e o comércio fechou, a cidade fica praticamente vazia - com exceção, eu diria, do Parque que temos na avenida principal.

Pensando sobre isso, fui olhar para a minha própria infância e me senti provocada a desenrolar este tema. Eu nunca morei em casa, sempre em apartamento. Nos verões a gente até ia para a casa de praia, mas isso durava por uns dois meses por ano, o que me leva, então, a concluir que fui, sim, uma criança de apartamento.

Como a infância hoje está presa em apartamentos.

Tive o privilégio de ter duas avós que moravam em casas, uma no centro da cidade e outra mais afastada, quase na área rural. Muitas leitoras, tenho certeza, identificar-se-ão com a minha experiência: mesmo quando não visitava minhas avós, eu, criança de apartamento, podia brincar nas ruas da cidade. As brincadeiras eram muitas: vendinha, lojinha, pular corda, caçar borboletas.

Os tempos, mesmo não sendo tão distantes assim, eram outros e, mesmo com a cidade vazia, não havia tanto risco ou perigo a cada esquina. A gente até que era livre, se considerarmos que nem celular tínhamos, há uns 25 anos atrás. Mas, mesmo a gente criando cada vez mais gerações de crianças de apartamento, é possível levar o lúdico para dentro desses espaços. A infância deve ser construída, não importa em qual ambiente ou circunstância. Resta saber: vocês, pais e mães que nos leem, estão dispostos a brincar com os seus filhos?

Os pais estão dispostos a brincar com os seus filhos?

É, justamente, essa a provocação: quando a gente brincava na rua, qualquer folha de coqueiro virava um barco e pedaços de plantas, narizes de palhaços. Elementos naturais viravam os brinquedos mais tecnológicos, preciosos e únicos. A criatividade, como dizem por aí, é a inteligência divertindo-se. E as crianças, então, exercitavam a criatividade o tempo todo.

Que tal se você, por exemplo, tirar a tela do seu filho por algumas horas por dia e “fabricar” brinquedos como foguetes espaciais ou castelos medievais feitos de caixas de papelão? Que tal transformar o corredor da casa num campo de futebol e a rampa da garagem num palco de show de rock?

Que tal criar e inventar coisas com os seus pequenos? Ou mesmo apresentar as brincadeiras da sua infância para ele: peão, amarelinha, pular corda. Por mais que a maioria das crianças brinque nas escolas, manter os neurônios ativos, também, dentro de casa, dará condições para o seu melhor desenvolvimento.

Seus filhos poderão compartilhar suas brincadeiras com os colegas da escola, gerando troca e experimentação, aumentando o repertório deles. E, cá entre nós, as lembranças mais doces que a gente leva da nossa vida estão, certamente, na nossa infância. Faça a do seu filho valer a pena: crie, invente e permita que o lúdico, que costumava estar somente nas ruas, invada os seus apartamentos e casas.

Brincar dentro de casa não é mais coisa para se fazer somente quando chove. Tem alguma sugestão de brincadeira? Compartilhe aqui com outros pais, vamos criar um mundo mais colorido e divertido junto com as crianças.