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Como atravessar o momento pré-eleitoral sem perder a serenidade

Foto: Jornal O Globo

Facebook, Instagram, Whatsapp, ônibus, bar, almoço de domingo... Todos esses, que até então eram espaços de distração, leveza, de ficar “de boas”, “relax”, são, agora, palcos de discussão sobre o cenário político do país – que, diga-se de passagem, parece caótico.

Estamos a algumas semanas das eleições e, assim como eu, você deve ter notado que o papo tem rolado solto sobre economia, segurança, saúde e educação, que são os principais assuntos que sustentam as promessas (vazias?) de campanhas dos candidatos aos cargos de presidente, senador, governador e deputado federal e estadual.

Convenhamos, é bonito ver as pessoas tão empenhadas em debater temas importantíssimos para toda a sociedade brasileira, não é? Mas, amigx, se você se sente confuso, indignado ou mesmo exausto em meio a esse “bombardeio” diário de informações e opiniões acerca da política, você não está desamparado. Aqui vão algumas dicas para que você atravesse este momento pré-eleitoral sem perder a serenidade:

1 – Compreenda a subjetividade

De início, é importante nos lembrarmos de que, ainda que sejamos, perante a lei, todos iguais, nós também somos muito diferentes. A isso damos o nome de subjetividade. Compreender que cada um de nós tem uma história particular, um contexto específico, uma construção contínua que se dá pelas nossas relações (na família, no trabalho, nas amizades, nos afetos...) é fundamental para que possamos pôr em prática a empatia e o respeito – que, nós sabemos, é inegociável.

Por mais que nós concordemos em vários pontos de vista, alguma diferença entre nós vai haver, porque somos pessoas que se relacionam com o mundo de maneiras distintas. Então, melhor que desqualificarmos alguém porque este pensa de uma forma diferente da nossa é compreendermos que este alguém não tem qualquer obrigação de reproduzir os nossos ideais, já que as experiências de vida que o inclinam a pensar do jeito que pensa são outras que não as nossas. Certo? E está tudo bem: existe uma possibilidade bem grande de crescermos nesse contraste de perspectivas e interpretações.

Como anda a sua disponibilidade para ouvir?

2 – Disponibilize a sua escuta

“Gente demais, com tempo demais, falando demais, alto demais (...)”, diria Humberto Gessinger ou Tiago Iorc na música “Alexandria”. A impressão que temos, você provavelmente concorda comigo, é a de que há muitas pessoas, falando muitas coisas, o tempo todo, em tons EXALTADOS. Diante disso, eu lhe pergunto, amigx: como anda a sua disponibilidade para ouvir? Mas eu digo ouvir de verdade, com atenção plena.

Em um momento de verborragia como este que vivenciamos, silenciar por alguns instantes e dedicar-se a ouvir verdadeiramente o que o outro (eleitor ou candidato) tem a dizer pode ser uma experiência enriquecedora, uma vez que esse processo facilita o exercício do nosso pensamento crítico e, consequentemente, fortalece as nossas leituras de mundo. Experimente a escuta disponível! Ela caminha na contramão desse burburinho todo e nos coloca em uma posição de consciência, de filtro mesmo, que é essencial neste período importante de decisão de voto.

3 – Busque a identificação

Nesse cabo-de-guerra da política atual, é normal que fiquemos sem saber com certeza para que lado ir. A sensação de estar perdido ou em cima do muro é comum, já que contemplamos um panorama de extremismos, contradições, acusações, conspirações e mais um monte de “ões”. Frente a isso, eu tenho uma sugestão: nós estamos prestes a eleger pessoas para cargos de representatividade, então, precisamos nos sentir representados pelos candidatos a quem confiaremos os nossos votos.

Procure conhecer-se melhor, apropriar-se do que você sente e percebe para, assim, dedicar seu voto a um candidato com quem você estabeleça essa identificação. E também não tem problema se esse candidato não é do agrado dos seus familiares, amigos ou colegas, pois o seu voto é responsabilidade somente sua. Ser fiel a você mesmo, leal ao que você acredita, é praticar a autenticidade e estar em paz consigo. Tem coisa mais bonita que isso?

4 – Poupe-se quando quiser

Outra coisa sobre o voto: ele não precisa ser verbalizado. Nem por você, nem por qualquer outra pessoa. Então, se você está “de saco cheio” das postagens, propagandas e conversas sobre o dia 07 de outubro, você pode se poupar, sim! Pôr o mundo no mudo, às vezes, não nos torna alienados ou ignorantes necessariamente. Podemos fazer as nossas escolhas com base no que sentimos e pensamos, sem obrigatoriamente “engolir” ou “cuspir” nos espaços sociais, sejam eles reais ou virtuais. Ainda que seja importante estarmos atentos às informações e externarmos os nossos posicionamentos, a nossa saúde mental e o nosso bem-estar precisam ser priorizados.

Portanto, se você se sente intoxicado com tanto material político propagado a toda hora ou sem ânimo para expor o que pensa, dê um tempinho para si, fique “off” por umas horas, uns dias, quem sabe... As pausas também são cabíveis no processo de fortalecimento do eu e, automaticamente, das escolhas que o eu faz.

Por fim, o recado, carx (e)leitxr, é mesmo o respeito: pelos outros e, especialmente, por si. Lidar com essa enxurrada de “certezas” não é fácil, não. Decidir o futuro do nosso Brasil também não. Mas é possível, sim, sobreviver a estas semanas com a mente e o coração tranquilos. Que tal tentar?

Decidir o futuro do nosso Brasil exige responsabilidade.
Texto: Indianara Machado